Liberdade, graça e destino

Mostrando-se a todo tempo mística e intelectualmente impelido pela totalidade do cristianismo, o Professor Romano Guardini tem-se preocupado com toda a espécie de problemas capazes de dar uma melhor perspectiva à intelectualidade do nosso século. Os leitores já conhecem, sem dúvida, a interioridade e a sinceridade de algumas das suas obras, que esta Editora trouxe ao público de língua portuguesa.

Na realidade, há muitos atributos admiráveis no pensamento e obras de Guardini: a agudeza do espírito, a simplicidade de quem jamais adota o tom dogmático do magister dixit, a profunda comunhão que pouco a pouco se vai formando conforme o leitor se adentra no texto sempre preciso e elegantemente sóbrio.

Em Liberdade, graça e destino, Romano Guardini visa não a análise de três realidades isoladas e independentes — aliás, longe dele o estudo abstrato e teórico das coisas em si — mas, fundamentalmente a atenção a três aspectos de uma única realidade, buscando, pois, um maior e mais profundo entendimento da existência como um todo.

Partindo dum estado natural comum à liberdade, à graça e ao destino, o autor se debruça, subsequentemente, sobre o momento em que essas três realidades são penetradas pela fé e pela revelação, e as descreve por fim com um significado novo e mais amplo. Desse modo, percebemos que a liberdade só se consuma na dependência de Deus; as graças e dádivas naturais, na graça da fé; e o destino — telúrico e opressivo —, na Providência pessoal e redentora.