Segundo a crença dos povos antigos, as substâncias minerais participam da sacralidade da Mãe-Terra. Os minerais são “gestados” no ventre da Terra, tal como embriões. A metalurgia assume, pois, um caráter obstétrico. O minerador e o metalurgista intervêm no desenvolvimento da embriologia subterrânea: eles precipitam o ritmo do crescimento dos minerais, colaboram com a obra da Natureza, ajudam-na para que tenha um “parto” mais rápido. Em resumo, por meio de suas técnicas, o homem ocupa pouco a pouco o lugar do Tempo, isto é, seu trabalho substitui a obra do Tempo.
Essa cooperação com a Natureza, auxiliando-a a produzir de forma cada vez mais acelerada, transmutar as modalidades da matéria — eis uma das fontes da ideologia alquímica. Sendo pois um fundidor e ferreiro, o alquimista trabalha sobre a matéria que é, a um só tempo, viva e sacra; suas obras buscam a transformação da matéria, seu “aperfeiçoamento”, sua “transmutação”.
Nesta obra, Eliade lidou sobretudo com as alquimias indiana e chinesa, já que são as menos conhecidas pelo público ocidental, mas principalmente porque se apresentam, de uma forma mais nítida, seu caráter de técnica experimental e, igualmente, “mística”. Pois a alquimia originalmente não se apresentava como uma ciência empírica, uma espécie de química embrionária; antes, só se tornou isto posteriormente.
- ISBN: 9786561230186
- Acabamento: Brochura
- Páginas: 188
- Edição: 2025
- Autor: Mircea Eliade
