O presente ensaio, de autoria de um dos maiores filósofos do século passado, o Professor Georges Gusdorf, representa uma retomada de posição atual e corajosa perante os graves problemas que afligem a humanidade. Com uma perspectiva extraordinária e uma visão lúcida e profunda do momento por que passa o mundo e, consequentemente, a nossa civilização, Gusdorf enfrenta o que chamou de agonia da civilização atual.
Georges Gusdorf é, antes de tudo, um pensador cristão, imbuído de toda uma filosofia em cuja construção trabalharam os filósofos cristãos, empenhando-se para vivificar a civilização com os valores mais sagrados do humanismo personalista. Nesta obra, o filósofo estuda e disseca a civilização que lhe parece descambar para um pôr de sol melancólico, em que os valores eternos cedem à tecnologia de um desenvolvimento material sem limites; Gusdorf, porém, não se entrega ao desespero niilista dos demolidores e céticos.
- ISBN: 9786588525029
- Acabamento: Brochura
- Páginas: 246
- Edição: 2022
- Autor: Georges Gusdorf
A presente posição dos indivíduos e comunidades ocidentais na desorientação da história é talvez uma das maiores dificuldades com que se depararam as correntes de pensamento que surgiram ou se reformularam após a Segunda Guerra Mundial. A própria imagem do mundo, que servia de substrato tanto para a atividade teórica quanto para a vivência cotidiana, se desfez, ou, se tanto, subsiste precariamente.
Ora, neste livro, Georges Gusdorf conduz-nos, com suas reflexões sempre vigorosas, pelas transformações do século XX, no qual se testemunhou o avanço e poder (quase taumatúrgico) da técnica, bem como a inversão ou esvaziamento de símbolos que serviram, por eras, de esteio ao homem; partindo dessa percepção, o autor demonstra que o mundo, antes existencialmente apreensível em nossa experiência concreta, torna-se cada vez mais, pela abstração cientificista, um diagrama estéril de forças e leis que não satisfaz as demandas mais profundas da humanidade.
Essa “decomposição do mundo humano”, como diz o filósofo, faz com que o indivíduo moderno se depare (ou sofra) com a “doença do espaço” e com a “desfiguração do tempo”, já que sua ação no mundo, previamente determinada pelos valores do espírito, é agora mensurada por unidades codificadas e escalas de grandeza que não correspondem mais ao seu tempo e espaço vitais.
Porém, diferentemente de muitos autores que também percebem a crise da modernidade e que, no entanto, propõem o desespero como solução, Gusdorf olha para a história recente com a convicção serena de um pensador que transcende a agonia do momento, pois entende que a ação de Deus no homem e no mundo traz em si o signo da ressurreição.
— Dr. Fabrício Tavares de Moraes